Haddad diz que megaoperação contra PCC conseguiu chegar ‘ao andar de cima’ do crime organizado

Haddad diz que megaoperação contra PCC conseguiu chegar ‘ao andar de cima’ do crime organizado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou a megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), realizada nesta quinta-feira (28), como exemplar.
Segundo ele, a operação conseguiu chegar “ao andar de cima” do crime organizado.
“Essa operação é exemplar, porque ela conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima do sistema”, afirmou.
Haddad informou que R$ 52 bilhões de organizações criminosas transitaram por “fintechs” ligadas ao crime organizado nos últimos quatro anos.
Ele avaliou que a identificação e sequestro de recursos e bens irregulares pelo governo, ou seja, a chamada “desmonetização”, é um passo importante no combate ao crime organizado no país.
🔎Mais cedo, um força-tarefa do Ministério Público de São Paulo, Ministério Público Federal e polícias Federal, Civil e Militar cumpriu mandados em 10 estados contra rede ligada ao PCC que adulterava combustíveis e lavava dinheiro. Os alvos são investigados por fraudes fiscais, ambientais e econômicas.
Haddad ainda mencionou que o Estado conseguiu “sofisticar a sua atuação contra o crime organizado” — que sempre busca formas de burlar as leis.
“Nós estamos falando de uma operação que contou com a investigação da Polícia Federal e com fiscalização da Receita Federal. A fiscalização da Receita Federal tem que ser colocada à disposição dos órgãos de combate ao crime organizado, porque a sofisticação do crime organizado hoje, ela exige da parte da Receita que nós consigamos decifrar o caminho do dinheiro, que é muito sofisticado. São muitas camadas”, justificou.
Haddad fala sobre megaoperação contra o PCC
Reprodução
Haddad participou de uma entrevista coletiva no Ministério da Justiça para divulgar informações sobre as ações realizadas de forma coordenada.
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‘Enquadrar fintechs’
Depois da fala na coletiva, Haddad afirmou à TV Globo que o Ministério da Fazenda vai enquadrar, a partir desta sexta (29), as fintechs como instituições financeiras.
“Infelizmente, algumas fintechs foram utilizadas para esse fim. Estamos acompanhando algumas fintechs que serviram de veículo para o crime organizado. A partir de amanhã [sexta], a Receita Federal enquadra as fintechs como instituições financeiras”, explicou Haddad.
“O que significa isso? Que as fintechs a partir de amanhã terão que cumprir rigorosamente as mesmas obrigações que os grandes bancos, porque com isso aumenta o potencial de fiscalização da Receita,” prosseguiu o ministro.
Migração para a legalidade
Antes da fala de Haddad na coletiva, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski conversou com os jornalistas. Ele também parabenizou a operação.
Segundo Lewandowski, nos últimos anos, o Brasil tem observado a migração de organizações criminosas da ilegalidade para a legalidade, fenômeno que, segundo ele, também ocorre em outros países.
“Hoje é, para a segurança pública e para o governo do Brasil, um momento muito auspicioso no que diz respeito ao combate ao crime organizado. Estamos observando migração da ilegalidade para a legalidade. Importante dizer que esse não é só um fenômeno brasileiro, mas mundial, e tem se intensificado”, declarou Lewandowski.
– Esta reportagem está em atualização