PF acessa celular de Macário Neto, desembargador preso por suspeita de obstrução de investigações

A quebra do celular do desembargador Macário Júdice Neto é mais uma má notícia que intranquiliza a classe política do Rio de Janeiro, já que o magistrado vinha atuando muito mais como um articulador político do que como relator do processo contra o ex-deputado TH Joias.
De acordo com apuração do blog, a Polícia Federal (PF) já conseguiu acessar os dados de um dos três telefones celulares apreendidos com Macário, preso nesta semana sob acusação de obstruir as investigações sobre a ramificação do Comando Vermelho na Assembleia Legislativa do Rio. O desembargador não forneceu a senha à PF, que recorreu a seus meios tecnológicos para ter acesso ao conteúdo.
Ao todo, a Polícia Federal tem hoje sete celulares considerados explosivos: os de Rodrigo Bacellar, do desembargador Macário e três aparelhos apreendidos com o chefe de gabinete de Bacellar, Rui Bulhões, apontado como operador do presidente da Alerj.
Nos bastidores, Macário demonstrava grande preocupação com o rompimento político entre o governador Cláudio Castro e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, já que ambos respondem, no Tribunal Superior Eleitoral, a uma ação em que são acusados de comprar votos na reeleição de Castro e na eleição de Bacellar em 2024. Segundo investigadores, Macário atuava de forma ativa para tentar reaproximar os dois, chegando a ligar para o governador para tentar marcar um encontro com Bacellar.
A relação entre Castro e Bacellar se rompeu em julho, quando, durante uma viagem do governador, Bacellar assumiu interinamente o governo e, sem avisar o titular do Palácio Guanabara, demitiu um dos secretários mais importantes, o deputado Austin Reis, responsável pela pasta de Transportes. Desde 3 de julho, segundo fontes do Palácio Guanabara, Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar não se comunicam.
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Desde a prisão de Bacellar, Macário, segundo fontes do Tribunal Regional Federal, andava extremamente nervoso. “Um cisco na lata”, descreveu um outro desembargador.
Macário tentou antecipar a sessão de julgamento do caso TH Joias, mas não conseguiu. O julgamento está marcado para o dia 18 de dezembro. Na véspera da prisão, o desembargador assinou de forma manuscrita sua suspeição para atuar no caso. A Polícia Federal trabalha agora para acessar os outros dois celulares apreendidos com ele.
A tensão no mundo político aumenta ainda mais porque, além dos telefones de Bacellar e de Macário, há os três celulares do chefe de gabinete, considerado o principal operador político de Bacellar. Até a demissão de Washington Reis, Bacellar era o candidato de Cláudio Castro, que planejava se desincompatibilizar do governo, deixando Bacellar como governador interino até a eleição. Com a crise entre os dois, os planos mudaram.
Na avaliação de Macário, se conseguisse recompor a aliança entre Castro e Bacellar, ele se tornaria o grande fiador político de um eventual governo Rodrigo Bacellar. Se a briga continuasse, isso poderia enfraquecer a defesa dos dois no Tribunal Superior Eleitoral. Daí a necessidade que o desembargador via de atuar como articulador político do reencontro e, a partir daí, fazer uma rearrumação da campanha de 2026. Segundo denúncia da Procuradoria Regional Eleitoral, Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar são acusados de uma movimentação que supera R$ 1 bilhão para comprar a eleição.
A Polícia Federal prendeu um desembargador do Tribunal Regional Federal no Rio de Janeiro
Desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto
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